Iniciamos 2014 com muita vontade de "fazer" a Educação Infantil de Igrejinha cada vez melhor...
Para tanto, retomamos alguns estudos acerca das propostas de trabalhado a serem realizadas na escolas.
Com isso, as coordenadoras pedagógicas, juntamente com as professoras das escolas, estudaram novamente algumas concepções para aprimorar suas práticas em sala de aula.
Seguem alguns textos estudados:
A EDUCAÇÃO INFANTIL NA
LDB
Art. 29. A Educação
Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando
a ação da família e da comunidade.
Art. 30. A Educação
Infantil será oferecida em:
creches, ou entidades
equivalentes, para crianças de até três anos de idade;
pré-escolas, para crianças
de quatro a seis anos de idade;
Art. 31. Na educação
infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro
de seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o
acesso ao ensino fundamental.
CARACTERÍSTICAS DO
REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
Este documento constitui-se
em um conjunto de referências e orientações pedagógicas que visam
a contribuir com a implantação ou implementação de práticas
educativas de qualidade que possam promover e ampliar as condições
necessárias para o exercício da cidadania das crianças
brasileiras. Sua função é contribuir com as políticas e programas
de educação infantil, socializando informações, discussões e
pesquisas, subsidiando o trabalho educativo de técnicos, professores
e demais profissionais da educação infantil e apoiando os sistemas
de ensino estaduais e municipais.
Considerando-se as
especificidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas das
crianças de zero a seis anos, a qualidade das experiências
oferecidas que podem contribuir para o exercício da cidadania devem
estar embasadas nos seguintes princípios:
• o respeito à dignidade
e aos direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças
individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas
etc.;
• o direito das crianças
a brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação
e comunicação infantil;
• o acesso das crianças
aos bens socioculturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento das
capacidades relativas à expressão, à comunicação, à interação
social, ao pensamento, à ética e à estética;
• a socialização das
crianças por meio de sua participação e inserção nas mais
diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie
alguma;
• o atendimento aos
cuidados essenciais associados à sobrevivência e ao desenvolvimento
de sua identidade.
OBJETIVOS GERAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL
A prática da Educação
Infantil deve se organizar de modo que as crianças desenvolvam as
seguintes capacidades:
• Desenvolver uma imagem
positiva de si, atuando de forma cada vez mais independente, com
confiança em suas capacidades e percepção de suas limitações;
• Descobrir e conhecer
progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e seus
limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a
própria saúde e bem-estar;
• Estabelecer vínculos
afetivos e de troca com adultos e crianças fortalecendo sua
autoestima e ampliando gradativamente suas possibilidades de
comunicação e interação social;
• Estabelecer e ampliar
cada vez mais as relações sociais aprendendo aos poucos a articular
seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a
diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração;
• Observar e explorar o
ambiente com atitude de curiosidade percebendo-se cada vez mais como
integrante, dependente e agente transformador do meio ambiente e
valorizando atitudes que contribuam para sua conservação;
• Brincar, expressando
emoções, sentimentos, pensamentos desejos e necessidades;
• Utilizar as diferentes
linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita) ajustadas
às diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a
compreender e ser compreendido expressar suas ideias, sentimentos,
necessidades e desejos e avançar no seu processo de construção de
significados enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva;
• Conhecer algumas
manifestações culturais, demonstrando atitudes de interesse,
respeito e participação frente a elas e valorizando a diversidade.
CONCEPÇÃO DE CRIANÇA
A concepção de criança é
uma noção historicamente construída e consequentemente vem mudando
ao longo dos tempos, não se apresentando de forma homogênea nem
mesmo no interior de uma mesma sociedade e época. Assim é possível
que, por exemplo, em uma mesma cidade existam diferentes maneiras de
se considerar as crianças pequenas dependendo da classe social a
qual pertencem, do grupo étnico do qual fazem parte. Boa parte das
crianças pequenas brasileiras enfrentam um cotidiano bastante
adverso que as conduz desde muito cedo a precárias condições de
vida e ao trabalho infantil, ao abuso e exploração por parte de
adultos. Outras crianças são protegidas de todas as maneiras,
recebendo de suas famílias e da sociedade em geral todos os cuidados
necessários ao seu desenvolvimento. Essa dualidade revela a
contradição e conflito de uma sociedade que não resolveu ainda as
grandes desigualdades sociais presentes no cotidiano.
A criança como todo ser
humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma
organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma
determinada cultura, em um determinado momento histórico. É
profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas
também o marca. A criança tem na família, biológica ou não, um
ponto de referência fundamental, apesar da multiplicidade de
interações sociais que estabelece com outras instituições
sociais.
As crianças possuem uma
natureza singular, que as caracteriza como seres que sentem e pensam
o mundo de um jeito muito próprio. Nas interações que estabelecem
desde cedo com as pessoas que lhe são próximas e com o meio que as
circunda, as crianças revelam seu esforço para compreender o mundo
em que vivem, as relações contraditórias que presenciam e, por
meio das brincadeiras, explicitam as condições de vida a que estão
submetidas e seus anseios e desejos. No processo de construção do
conhecimento, as crianças se utilizam das mais diferentes linguagens
e exercem a capacidade que possuem de terem ideias e hipóteses
originais sobre aquilo que buscam desvendar. Nessa perspectiva as
crianças constroem o conhecimento a partir das interações que
estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem. O
conhecimento não se constitui em cópia da realidade, mas sim, fruto
de um intenso trabalho de criação, significação e
ressignificação.
Compreender, conhecer e
reconhecer o jeito particular das crianças serem e estarem no mundo
é o grande desafio da educação infantil e de seus profissionais.
Embora os conhecimentos derivados da psicologia, antropologia,
sociologia, medicina etc. possam ser de grande valia para desvelar o
universo infantil apontando algumas características comuns de ser
das crianças, elas permanecem únicas em suas individualidades e
diferenças.
EDUCAR
Nas últimas décadas, os
debates em nível nacional e internacional apontam para a necessidade
de que as instituições de educação infantil incorporem de maneira
integrada as funções de educar e cuidar, não mais diferenciando
nem hierarquizando os profissionais e instituições que atuam com as
crianças pequenas e/ou aqueles que trabalham com as maiores. As
novas funções para a educação infantil devem estar associadas a
padrões de qualidade. Essa qualidade advém de concepções de
desenvolvimento que consideram as crianças nos seus contextos
sociais, ambientais, culturais e, mais concretamente, nas interações
e práticas sociais que lhes fornecem elementos relacionados às mais
diversas linguagens e ao contato com os mais variados conhecimentos
para a construção de uma identidade autônoma.
A instituição de educação
infantil deve tornar acessível a todas as crianças que a
frequentam, indiscriminadamente, elementos da cultura que enriquecem
o seu desenvolvimento e inserção social. Cumpre um papel
socializador, propiciando o desenvolvimento da identidade das
crianças, por meio de aprendizagens diversificadas, realizadas em
situações de interação.
Na instituição de educação
infantil, pode-se oferecer às crianças condições para as
aprendizagens que ocorrem nas brincadeiras e aquelas advindas de
situações pedagógicas intencionais ou aprendizagens orientadas
pelos adultos. É importante ressaltar, porém, que essas
aprendizagens, de natureza diversa, ocorrem de maneira integrada no
processo de desenvolvimento infantil.
Educar significa, portanto,
propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens
orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o
desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal,
de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação,
respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos
mais amplos da realidade social e cultural. Neste processo, a
educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de
apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas,
emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a
formação de crianças felizes e saudáveis.
CUIDAR
Contemplar o cuidado na
esfera da instituição da educação infantil significa
compreendê-lo como parte integrante da educação, embora possa
exigir conhecimentos, habilidades e instrumentos que extrapolam a
dimensão pedagógica. Ou seja, cuidar de uma criança em um contexto
educativo demanda a integração de vários campos de conhecimentos e
a cooperação de profissionais de diferentes áreas.
A base do cuidado humano é
compreender como ajudar o outro a se desenvolver como ser humano.
Cuidar significa valorizar e ajudar a desenvolver capacidades. O
cuidado é um ato em relação ao outro e a si próprio que possui
uma dimensão expressiva e implica em procedimentos específicos.
O desenvolvimento integral
depende tanto dos cuidados relacionais, que envolvem a dimensão
afetiva e dos cuidados com os aspectos biológicos do corpo, como a
qualidade da alimentação e dos cuidados com a saúde, quanto da
forma como esses cuidados são oferecidos e das oportunidades de
acesso a conhecimentos variados.
As atitudes e procedimentos
de cuidado são influenciadas por crenças e valores em torno da
saúde, da educação e do desenvolvimento infantil. Embora as
necessidades humanas básicas sejam comuns, como alimentar-se,
proteger-se etc. as formas de identificá-las, valorizá-las e
atendê-las são construídas socialmente. As necessidades básicas,
podem ser modificadas e acrescidas de outras de acordo com o contexto
sociocultural. Pode-se dizer que além daquelas que preservam a vida
orgânica, as necessidades afetivas são também base para o
desenvolvimento infantil.
A identificação dessas
necessidades sentidas e expressas pelas crianças, depende também da
compreensão que o adulto tem das várias formas de comunicação que
elas, em cada faixa etária possuem e desenvolvem. Prestar atenção
e valorizar o choro de um bebê e responder a ele com um cuidado ou
outro depende de como é interpretada a expressão de choro, e dos
recursos existentes para responder a ele. É possível que alguns
adultos conversem com o bebê tentando acalmá-lo, ou que peguem-no
imediatamente no colo, embalando-o. Em determinados contextos
socioculturais, é possível que o adulto que cuida da criança,
tendo como base concepções de desenvolvimento e aprendizagem
infantis, de educação e saúde, acredite que os bebês devem
aprender a permanecer no berço, após serem alimentados e
higienizados, e, portanto, não considerem o embalo como um cuidado,
mas como uma ação que pode “acostumar mal” a criança. Em
outras culturas, o embalo tem uma grande importância no cuidado de
bebês, tanto que existem berços próprios para embalar.
O cuidado precisa
considerar, principalmente, as necessidades das crianças, que quando
observadas, ouvidas e respeitadas, podem dar pistas importantes sobre
a qualidade do que estão recebendo. Os procedimentos de cuidado
também precisam seguir os princípios de promoção à saúde. Para
se atingir os objetivos dos cuidados com a preservação da vida e
com o desenvolvimento das capacidades humanas, é necessário que as
atitudes e procedimentos estejam baseados em conhecimentos
específicos sobre o desenvolvimento biológico, emocional, e
intelectual das crianças, levando em consideração as diferentes
realidades socioculturais.
Para cuidar é preciso antes
de tudo estar comprometido com o outro, com sua singularidade, ser
solidário com suas necessidades, confiando em suas capacidades.
Disso depende a construção de um vínculo entre quem cuida e quem é
cuidado. Além da dimensão afetiva e relacional do cuidado, é
preciso que o professor possa ajudar a criança a identificar suas
necessidades e priorizá-las, assim como atendê-las de forma
adequada. Assim, cuidar da criança é sobretudo dar atenção a ela
como pessoa que está num contínuo crescimento e desenvolvimento,
compreendendo sua singularidade, identificando e respondendo às suas
necessidades. Isto inclui interessar-se sobre o que a criança sente,
pensa, o que ela sabe sobre si e sobre o mundo, visando à ampliação
deste conhecimento e de suas habilidades, que aos poucos a tornarão
mais independente e mais autônoma.
BRINCAR
Para que as crianças possam
exercer sua capacidade de criar é imprescindível que haja riqueza e
diversidade nas experiências que lhes são oferecidas nas
instituições, sejam elas mais voltadas às brincadeiras ou às
aprendizagens que ocorrem por meio de uma intervenção direta.
A brincadeira é uma
linguagem infantil que mantém um vínculo essencial com aquilo que é
o “não brincar”. Se a brincadeira é uma ação que ocorre no
plano da imaginação isto implica que aquele que brinca tenha o
domínio da linguagem simbólica. Isto quer dizer que é preciso
haver consciência da diferença existente entre a brincadeira e a
realidade imediata que lhe forneceu conteúdo para realizar-se. Nesse
sentido, para brincar é preciso apropriar-se de elementos da
realidade imediata de tal forma a atribuir-lhes novos significados.
Essa peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da articulação
entre a imaginação e a imitação da realidade. Toda brincadeira é
uma imitação transformada, no plano das emoções e das ideias, de
uma realidade anteriormente vivenciada.
Isso significa que uma
criança que, por exemplo, bate ritmicamente com os pés no chão e
imagina-se cavalgando um cavalo, está orientando sua ação pelo
significado da situação e por uma atitude mental e não somente
pela percepção imediata dos objetos e situações.
No ato de brincar, os
sinais, os gestos, os objetos e os espaços valem e significam outra
coisa daquilo que aparentam ser. Ao brincar as crianças recriam e
repensam os acontecimentos que lhes deram origem, sabendo que estão
brincando.
O principal indicador da
brincadeira, entre as crianças, é o papel que assumem enquanto
brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as crianças agem
frente à realidade de maneira não literal, transferindo e
substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características
do papel assumido, utilizando-se de objetos substitutos.
A brincadeira favorece a
autoestima das crianças, auxiliando-as a superar progressivamente
suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui, assim, para a
interiorização de determinados modelos de adulto, no âmbito de
grupos sociais diversos.
Essas significações
atribuídas ao brincar transformam-no em um espaço singular de
constituição infantil. Nas brincadeiras, as crianças transformam
os conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos gerais
com os quais brinca. Por exemplo, para assumir um determinado papel
numa brincadeira, a criança deve conhecer alguma de suas
características.
Seus conhecimentos provêm
da imitação de alguém ou de algo conhecido, de uma experiência
vivida na família ou em outros ambientes, do relato de um colega ou
de um adulto, de cenas assistidas na televisão, no cinema ou
narradas em livros etc. A fonte de seus conhecimentos é múltipla,
mas estes encontram-se, ainda, fragmentados. É no ato de brincar que
a criança estabelece os diferentes vínculos entre as
características do papel assumido, suas competências e as relações
que possuem com outros papéis, tomando consciência disto e
generalizando para outras situações.
Para brincar é preciso que
as crianças tenham certa independência para escolher seus
companheiros e os papéis que irão assumir no interior de um
determinado tema e enredo, cujos desenvolvimentos dependem unicamente
da vontade de quem brinca.
Pela oportunidade de
vivenciar brincadeiras imaginativas e criadas por elas mesmas, as
crianças podem acionar seus pensamentos para a resolução de
problemas que lhe são importantes e significativos. Propiciando a
brincadeira, portanto, cria-se um espaço no qual as crianças podem
experimentar o mundo e internalizar uma compreensão particular sobre
as pessoas, os sentimentos e os diversos conhecimentos.
O brincar apresenta-se por
meio de várias categorias de experiências que são diferenciadas
pelo uso do material ou dos recursos predominantemente implicados.
Essas categorias incluem: o movimento e as mudanças da percepção
resultantes essencialmente da mobilidade física das crianças; a
relação com os objetos e suas propriedades físicas assim como a
combinação e associação entre eles; a linguagem oral e gestual
que oferecem vários níveis de organização a serem utilizados para
brincar; os conteúdos sociais, como papéis, situações, valores e
atitudes que se referem à forma como o universo social se constrói;
e, finalmente, os limites definidos pelas regras, constituindo-se em
um recurso fundamental para brincar. Estas categorias de experiências
podem ser agrupadas em três modalidades básicas, quais sejam,
brincar de faz de conta ou com papéis, considerada como atividade
fundamental da qual se originam todas as outras; brincar com
materiais de construção e brincar com regras.
As brincadeiras de faz de
conta, os jogos de construção e aqueles que possuem regras, como os
jogos de sociedade (também chamados de jogos de tabuleiro), jogos
tradicionais, didáticos, corporais etc., propiciam a ampliação dos
conhecimentos infantis por meio da atividade lúdica.
É o adulto, na figura do
professor, portanto, que, na instituição infantil, ajuda a
estruturar o campo das brincadeiras na vida das crianças.
Consequentemente é ele que organiza sua base estrutural, por meio da
oferta de determinados objetos, fantasias, brinquedos ou jogos, da
delimitação e arranjo dos espaços e do tempo para brincar.
Por meio das brincadeiras os
professores podem observar e constituir uma visão dos processos de
desenvolvimento das crianças em conjunto e de cada uma em
particular, registrando suas capacidades de uso das linguagens, assim
como de suas capacidades sociais e dos recursos afetivos e emocionais
que dispõem.
A intervenção intencional
baseada na observação das brincadeiras das crianças,
oferecendo-lhes material adequado, assim como um espaço estruturado
para brincar permite o enriquecimento das competências imaginativas,
criativas e organizacionais infantis. Cabe ao professor organizar
situações para que as brincadeiras ocorram de maneira diversificada
para propiciar às crianças a possibilidade de escolherem os temas,
papéis, objetos e companheiros com quem brincar ou os jogos de
regras e de construção, e assim elaborarem de forma pessoal e
independente suas emoções, sentimentos, conhecimentos e regras
sociais.
É preciso que o professor
tenha consciência que na brincadeira as crianças recriam e
estabilizam aquilo que sabem sobre as mais diversas esferas do
conhecimento, em uma atividade espontânea e imaginativa. Nessa
perspectiva não se deve confundir situações nas quais se objetiva
determinadas aprendizagens relativas a conceitos, procedimentos ou
atitudes explícitas com aquelas nas quais os conhecimentos são
experimentados de uma maneira espontânea e destituída de objetivos
imediatos pelas crianças. Pode-se, entretanto, utilizar os jogos,
especialmente aqueles que possuem regras, como atividades didáticas.
É preciso, porém, que o professor tenha consciência que as
crianças não estarão brincando livremente nestas situações, pois
há objetivos didáticos em questão.
APRENDER EM SITUAÇÕES
ORIENTADAS
A organização de situações
de aprendizagens orientadas ou que dependem de uma intervenção
direta do professor permite que as crianças trabalhem com diversos
conhecimentos. Estas aprendizagens devem estar baseadas não apenas
nas propostas dos professores, mas, essencialmente, na escuta das
crianças e na compreensão do papel que desempenham a experimentação
e o erro na construção do conhecimento.
A intervenção do professor
é necessária para que, na instituição de educação infantil, as
crianças possam, em situações de interação social ou sozinhas,
ampliar suas capacidades de apropriação dos conceitos, dos códigos
sociais e das diferentes linguagens, por meio da expressão e
comunicação de sentimentos e ideias, da experimentação, da
reflexão, da elaboração de perguntas e respostas, da construção
de objetos e brinquedos etc. Para isso, o professor deve conhecer e
considerar as singularidades das crianças de diferentes idades,
assim como a diversidade de hábitos, costumes, valores, crenças,
etnias etc. das crianças com as quais trabalha respeitando suas
diferenças e ampliando suas pautas de socialização.
Nessa perspectiva, o
professor é mediador entre as crianças e os objetos de
conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de
aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas,
emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus
conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes
campos de conhecimento humano. Na instituição de educação
infantil o professor constitui-se, portanto, no parceiro mais
experiente, por excelência, cuja função é propiciar e garantir um
ambiente rico, prazeroso, saudável e não discriminatório de
experiências educativas e sociais variadas.
Para que as aprendizagens
infantis ocorram com sucesso, é preciso que o professor considere,
na organização do trabalho educativo:
• a interação com
crianças da mesma idade e de idades diferentes em situações
diversas como fator de promoção da aprendizagem e do
desenvolvimento e da capacidade de relacionar-se;
• os conhecimentos prévios
de qualquer natureza, que as crianças já possuem sobre o assunto,
já que elas aprendem por meio de uma construção interna ao
relacionar suas ideias com as novas informações de que dispõem e
com as interações que estabelece;
• a individualidade e a
diversidade;
• o grau de desafio que as
atividades apresentam e o fato de que devam ser significativas e
apresentadas de maneira integrada para as crianças e o mais próximas
possíveis das práticas sociais reais;
• a resolução de
problemas como forma de aprendizagem.
INTERAÇÃO
A interação social em
situações diversas é uma das estratégias mais importantes do
professor para a promoção de aprendizagens pelas crianças. Assim,
cabe ao professor propiciar situações de conversa, brincadeiras ou
de aprendizagens orientadas que garantam a troca entre as crianças,
de forma a que possam comunicar-se e expressar-se, demonstrando seus
modos de agir, de pensar e de sentir, em um ambiente acolhedor e que
propicie a confiança e a autoestima. A existência de um ambiente
acolhedor, porém, não significa eliminar os conflitos, disputas e
divergências presentes nas interações sociais, mas pressupõe que
o professor forneça elementos afetivos e de linguagem para que as
crianças aprendam a conviver, buscando as soluções mais adequadas
para as situações com as quais se defrontam diariamente. As
capacidades de interação, porém, são também desenvolvidas quando
as crianças podem ficar sozinhas, quando elaboram suas descobertas e
sentimentos e constroem um sentido de propriedade para as ações e
pensamentos já compartilhados com outras crianças e com os adultos,
o que vai potencializar novas interações. Nas situações de troca,
podem desenvolver os conhecimentos e recursos de que dispõem,
confrontando-os e reformulando-os.
Nessa perspectiva, o
professor deve refletir e discutir com seus pares sobre os critérios
utilizados na organização dos agrupamentos e das situações de
interação, mesmo entre bebês, visando, sempre que possível, a
auxiliar as trocas entre as crianças e, ao mesmo tempo,
garantir-lhes o espaço da individualidade. Assim, em determinadas
situações, é aconselhável que crianças com níveis de
desenvolvimento diferenciados interajam; em outras, deve-se garantir
uma proximidade de crianças com interesses e níveis de
desenvolvimento semelhantes. Propiciar a interação quer dizer,
portanto, considerar que as diferentes formas de sentir, expressar e
comunicar a realidade pelas crianças resultam em respostas diversas
que são trocadas entre elas e que garantem parte significativa de
suas aprendizagens. Uma das formas de propiciar essa troca é a
socialização de suas descobertas, quando o professor organiza as
situações para que as crianças compartilhem seus percursos
individuais na elaboração dos diferentes trabalhos realizados.
Portanto, é importante
frisar que as crianças se desenvolvem em situações de interação
social, nas quais conflitos e negociação de sentimentos, ideias e
soluções são elementos indispensáveis.
O âmbito social oferece,
portanto, ocasiões únicas para elaborar estratégias de pensamento
e de ação, possibilitando a ampliação das hipóteses infantis.
Pode-se estabelecer, nesse processo, uma rede de reflexão e
construção de conhecimentos na qual tanto os parceiros mais
experientes quanto os menos experientes têm seu papel na
interpretação e ensaio de soluções. A interação permite que se
crie uma situação de ajuda na qual as crianças avancem no seu
processo de aprendizagem.
EIXOS E PRINCÍPIOS
A Educação Infantil em
nosso Município tem por eixos de trabalho as Interações e as
Brincadeiras, ou seja, as situações de aprendizagens devem ser
desenvolvidas a partir destes dois eixos. Interação é o processo
de integração social que as crianças vivenciam no meio em que elas
estão inseridas, com outras pessoas no seu grupo social e cultural,
seja entre pares, com adultos ou com o meio que os cerca. Brincar é
um ato tão espontâneo e natural para a criança quanto comer,
dormir, andar ou falar, ou seja, a ação do brincar é o verbo da
criança. Brincar é a maneira como a criança conhece, experimenta,
aprende, apreende, vivencia, expõe emoções, coloca conflitos,
elabora-os ou não, interage consigo e com o mundo, tem a
oportunidade de explorar o espaço a sua volta. O corpo é o mediador
entre o organismo da criança e o mundo; é um brinquedo. Através
dele, ela descobre sons, descobre que pode rolar, virar cambalhota,
saltar, manusear, apertar, que pode se comunicar.
Com isso, novas
aprendizagens vão sendo conquistadas e memorizadas pelo corpo
através dos sentidos, percepções e relações que estabelece. Além
disto, constrói vínculos afetivos e os fortalece a medida que
coloca em prática estas aprendizagens estruturadas anteriormente, e
a partir de situações que as desafiem.
COMPETÊNCIAS
GERAIS (quatro pilares da educação)
Aprender a
ser pressupõe que deve-se preparar a criança para
possíveis descobertas e experimentações, com a principal
finalidade de formar pessoas autônomas e críticas, desenvolvendo a
imaginação, a liberdade de pensamento, sentimentos, discernimento,
criatividade, possibilitando o crescimento integral da criança. A
criança molda sua personalidade desde muito cedo e de acordo com os
valores que a ela são ensinados.
Aprender a
fazer está estreitamente ligada à questão da formação
profissional: ensinar a criança a pôr em pratica os seus
conhecimentos; adaptar a educação ao trabalho futuro, quando não
se pode prever qual será a sua evolução; as aprendizagens devem
ser aprimoradas.
Aprender a
conviver: na educação infantil podemos conceber uma
educação capaz de evitar conflitos, ou de resolvê-los de maneira
pacífica, desenvolvendo o conhecimento dos outros, das suas culturas
e da sua espiritualidade, para que as crianças sejam capazes de
conviver em sociedade. Os jogos e brincadeiras são alguns
exemplos de vivências muito eficientes para facilitar e formar nos
indivíduos valores de cooperação, trabalho em equipe, respeito
pelas diferenças individuais e desenvolvimento de projetos. Há
inúmeras propostas para se trabalhar estes conceitos, sobretudo, em
jogos cooperativos, cujo intuito é o de estimular a cooperação
contrapondo-a à acirrada competição em que tem se transformado o
cotidiano na vida do ser humano.
Aprender a
aprender, exercitar a atenção, a memória e o
pensamento. Desde a infância, sobretudo nas sociedades dominadas
pela imagem televisiva, o jovem deve aprender a prestar atenção às
coisas e às pessoas. Esta aprendizagem da atenção pode revestir
formas diversas e tirar partido de várias ocasiões da vida (jogos,
estágios em empresas, viagens, trabalhos práticos de ciências).
Nesta proposta, o brincar tem se mostrado um instrumento extremamente
eficiente, pois através do lúdico pode-se estimular o
desenvolvimento e a aprendizagem das crianças e proporcionar o
processo de descoberta, que implica duração e aprofundamento de
apreensão.
CARACTERIZAÇÃO
DA ETAPA CRECHE
Nesta
faixa etária, atividades que estimulem o desenvolvimento do corpo
são fundamentais, como manusear livros emborrachados, rasgar e
amassar papéis, fazer colagens, utilizar pincéis, fazer pinturas
com o dedo, manusear argila, massa de modelar e lápis de cores,
subir e descer das cadeiras da sala, subir e descer os degraus do
escorregador, utilizar o escorregador com segurança, construir,
enfileirar e encaixar, correr, dançar, passar por dentro do túnel,
de caixas.
Deve-se
desenvolver a musicalidade através de brincadeiras e manifestações
espontâneas. Com a linguagem da música conseguimos trabalhar e
desenvolver algumas características próprias de produção,
apreciação e reflexão, desenvolvemos a expressão corporal, sons,
ritmos, equilíbrio, autoconhecimento, autoestima e também é um
poderoso meio de integração social.
Nesta
etapa, as crianças vão desenvolver a arte tanto no fazer, quanto no
apreciar. Incentivar a expressão corporal através de dramatizações
e teatros, também é um bom meio para estimular a apreciação
artística.
Através
da linguagem oral conseguimos estimular o desenvolvimento da ação
do pensar, com atividades onde a linguagem escrita é focada como um
meio de comunicação e expressão social, ampliando as capacidades
de comunicação e expressão, como falar, escutar, registrar e ler.
A
educação social e científica deve promover a expansão das
possibilidades de ações através das interações e intervenções
com o meio, estimulando a aprendizagem sobre os cuidados que devemos
ter com o meio ambiente, com os animais, plantas, a água e o lixo.
Adquirem conceitos e noções de quantidade, localização,
sequência, tempo, espaços e formas, grandezas e medidas.
CARACTERIZAÇÃO
DA ETAPA PRÉ-ESCOLAR
A
partir dos três anos, ocorre o estágio do personalismo, momento da
constituição do eu, caracterizado pelas mudanças nas suas relações
com o seu entorno e pelo aparecimento de novas aptidões, fase muito
importante para a formação da personalidade e autonomia. Com isso,
a escola proporciona uma diversificação dos grupos nos quais a
criança poderá se inserir, onde o grupo formado por crianças da
mesma idade passa a ser o de favorecer a aprendizagem social, ou
seja, o convívio com os padrões e regras sociais (Wallon, 1953).
A
Educação
Infantil
possui um
papel
importantíssimo
na formação
da
personalidade
da criança,
visto que
permite a
sua
adaptação
à vivência
em
comunidade,
em grupos
que vão
além dos
limites
familiares,
e contribui
para a
formação
do eu
psíquico.
A escola
pode
estimular o
desenvolvimento
de valores
saudáveis
nas
interações,
tais como
a
cooperação,
a
solidariedade,
o
companheirismo
e o
coletivismo.
As crianças também
apresentam mais facilidade de aprendizado quando fazem coleta de
dados com outras pessoas ou têm experiência direta com o meio. É
importante que a criança aprenda a “ler” esses objetos e
imagens. Objetos antigos que pertencem às famílias, exposições de
museus, vídeos, filmes, programas de televisão são poderosos
recursos para se analisar como viveram pessoas de outras épocas e
grupos sociais. Leitura de livros, revistas e enciclopédias também.
As
crianças da faixa etária de quatro a seis anos apresentam melhor
coordenação dos músculos grandes e pequenos músculos das mãos,
conseguem usar a tesoura para corta papel, têm domínio no uso de
talheres, conseguem pegar a bola com as duas mãos quando está em
movimento. Vestem-se e despem-se sem ajuda. Fazem sua higiene sem
precisar de ajuda.
São
curiosos,
demonstram
maior
segurança
em se
expressar,
têm
capacidade
de
autocrítica,
sentem
vontade de
tomar as
suas
próprias
decisões,
se sentem
grandes
perto das
crianças
menores.
Nesta fase
o
vocabulário
das
crianças
já
aumentou
bastante,
falam
muitas
palavras.
E a partir destes estudos, além de outros já realizados anteriormente, como: Os eixos e princípios da Educação Infantil, A concepção de criança, Caracterização da turma, etc., cada professora elaborou seu Plano de Trabalho para o primeiro trimestre de 2014.
O Plano de Trabalho é o documento norteador das práticas da Educação Infantil em nosso município, elaborado a partir do Referencial Nacional para a Educação Infantil e explicita todas as habilidades a serem trabalhadas com as crianças, para que as mesmas possam desenvolver-se integralmente.
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